quarta-feira, 30 de junho de 2010
Relatividade não Muito Relativa - Scientific American Brasil
por José Roberto Castilho Piqueira
É comum, em nosso cotidiano, que conceitos de teorias científicas passem ao vocabulário usual com sentido distorcido e aplicado de maneira muitas vezes incorreta, com apoio pressuposto do argumento de autoridade, legitimando ideias enganosas e não verificáveis.
Um dos casos mais evidentes é o da teoria do “Darwinismo Social” que, ao se apropriar de ideias científicas, procura legitimar preconceitos e mecanismos de dominação entre grupos étnicos e sociais. Felizmente essa interpretação caiu em merecido descrédito, de modo que sua relevância atual é nula, apesar de, no passado recente, ter servido como justificativa para inúmeros conflitos.
Entretanto, parece que Darwin, apesar das grandes contribuições da teoria da evolução aos avanços da biologia e da medicina, hoje incomoda tanto quanto Galileu à sua época. Alguns pretendem dar ao “criacionismo” status de ciência, colocando-o como teoria alternativa ao “darwinismo”. Nada mais pobre, do ponto de vista espiritual e intelectual que confundir ciência e fé.
A fé é de foro íntimo, portanto, de cada um. As diversas religiões devem ser respeitadas, cada uma com seus dogmas. A ciência não deve ser vista como alternativa à religião, mas como outra forma de conhecimento.
A ciência está em constante mutação e assim pode questionar e se aprimorar sempre. A ciência busca o entendimento da Natureza e não há nesse ato qualquer atitude de crença ou descrença em relação a dogmas religiosos.
Darwin, em muitos casos, é vítima do obscurantismo, e suas ideias tendem a ser negadas por um público carente de formação científica. Esse mesmo obscurantismo vitimou, de maneira diferente, outro importante cientista: Albert Einstein.
Coube a Einstein o papel de representar a inteligência superior e a infalibilidade, qualidades induzidas no inconsciente coletivo possivelmente pela dificuldade de transformar suas descobertas em linguagem compreensível a um público mais amplo.
Lido por poucos, virou lenda e por isso a ele são atribuídas ideias um tanto estapafúrdias, com frases repetidas à exaustão em livros de autoajuda. Quer uma prova disso? Diga a sério uma besteira atribuindo-a a Einstein e descubra que quase todos vão acreditar, porque poucos verificam a procedência disso.
A mais engraçada é a que envolve a noção de relatividade: “Tudo é relativo”, argumentam os incautos, e um interminável rolo de enganos subscreve-se à glória de Einstein.
Galileu, que passou maus bocados nas mãos dos obscurantistas, entre seus vários trabalhos enunciou o “Princípio da Relatividade”, que diz: “As leis físicas são as mesmas para qualquer referencial inercial.”. Ou seja, o chamado princípio da relatividade fala de invariância de leis, mesmo que os referenciais produzam medições diferentes para certas grandezas físicas.
O que Einstein procurava, quando enunciou sua “Teoria da Relatividade Especial”, na primeira década do século 20, era salvar o princípio de Galileu, quando aplicado às leis do eletromagnetismo brilhantemente sintetizadas por Maxwell, no século anterior. Parecia, inicialmente, que as leis do eletromagnetismo não eram descritas da mesma maneira, quando se mudava de referencial.
Ao unificar os resultados de Michelson e Morley sobre o fato de a luz não necessitar suporte material para se propagar com as equações de Lorentz, Einstein formulou a "Teoria da Relatividade Especial" e mostrou que as leis do eletromagnetismo são as mesmas para todos os referenciais inerciais.
A partir do final dos anos 1910, Einstein concentrou esforços na Teoria da Relatividade Geral, dedicando-se à investigação de como as leis físicas deveriam ser escritas ao considerar que os fenômenos ocorrem em referenciais acelerados, em relação a inerciais. Desse trabalho resultaram importantes formulações a respeito dos fenômenos gravitacionais e da equivalência entre massa e energia.
Einstein, ao longo de sua carreira, errou em certas coisas, da mecânica quântica, sobretudo, apesar de ser um dos seus criadores e o responsável pelo estabelecimento das bases teóricas do efeito fotoelétrico, também na primeira década do século 20.
Talvez tenha cometido um engano adicional ao chamar seu trabalho de “Teoria da Relatividade”, nome cunhado por Poincaré, e não “Teoria da Invariabilidade”, como pensou fazer. O nome
chamaria menos a atenção, mas evitaria enganos e más interpretações, decorrentes do uso rápido e barato de ideias mal compreendidas.
Arrisco, até, a dizer que, por conta disso, há uma espécie de “einsteinismo social”, perambulando pelas livrarias. Pensem como Einstein, raciocinem como o criador da teoria da relatividade,
dizem aqueles que nunca estudaram eletromagnetismo ou álgebra de tensores e não têm ideia do grau de concentração e dedicação que esse estudo requer.
José Roberto Castilho Piqueira tem graduação e mestrado em engenharia elétrica pela Escola de Engenharia de São Carlos (USP) e doutorado e livre-docência em engenharia de controle pela Escola Politécnica (USP). Atualmente é professor titular da Poli-USP e membro do Instituto Nacional de Ciências da Complexidade, além de bolsista de Produtividade em Pesquisa (CNPq).
sábado, 26 de junho de 2010
Transplante de células-tronco restaura visão
Células-tronco restauraram a visão de 82 entre 112 pessoas que ficaram cegas por queimaduras químicas ou causadas por fogo.
Nos casos em que a visão foi recuperada, a acuidade visual chegou a 90%, relata Graziella Pellegrini, da Universidade de Modena, na Itália, líder da pesquisa. A visão restabelecida permaneceu estável por até dez anos (tempo em que os pacientes foram acompanhados).
quarta-feira, 23 de junho de 2010
Sons do LHC - recriando os sons da "partícula de Deus"
da BBC Brasil
Cientistas simularam o som de partículas subatômicas produzidas no Grande Colisor de Hádrons (GCH), na Suíça.
O objetivo é facilitar a identificação da chamada "partícula de Deus" – o bóson de Higgs – cuja existência ainda não foi confirmada, mas que, segundo teorias, daria massa a todas as outras.
A cientista Lily Asquith coordenou a equipe que desenvolveu o modelo que transforma dados do gigantesco experimento Atlas, no GCH, em sons.
"Se a energia estiver perto de você, você ouve um som grave, e se estiver mais longe, mais agudo", disse Asquith.
O colisor é um projeto milionário construído na fronteira entre a França e a Suíça para tentar responder algumas perguntas fundamentais para a física.
O experimento acontece em um túnel circular de 27 quilômetros de comprimento, repleto de imãs que "conduzem" partículas de prótons pelo imenso anel.
Em certos pontos do trajeto, os feixes de prótons mudam de trajetória e se chocam em quatro experimentos, que são minuciosamente monitorados pelos cientistas.
É nessas colisões que os estudiosos esperam encontrar novas partículas subatômicas, como o bóson de Higgs, que ajudariam a entender a origem do Universo.
Atlas é um dos quatro experimentos do colisor. Um instrumento batizado de calorímetro é usado para medir energia e é composto de sete camadas concêntricas.
Cada uma dessas camadas é representada por um tom diferente, dependendo da quantidade de energia contida nele.
O processo de transformar dados científicos em sons é chamado sonificação. Até o momento, a equipe de Asquith criou diversas simulações baseadas em previsões do que aconteceria durante as colisões no GCH.
Só agora, começaram a utilizar dados de experimentos reais.
"Quando você ouve as sonificações, na realidade, o que você está ouvindo são dados. Elas são fieis aos dados e dão informações sobre os dados que não seriam possíveis de se obter de qualquer outra maneira", disse Archer Endrich, um desenvolvedor de software que trabalha no projeto.
Pela sonificação, os cientistas esperam poder identificar diferenças sutis para detectar novas partículas.
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Dia do Químico
Esta data foi e escolhida porque neste dia, no ano de 1956, foi criado o Conselho Federal de Química, juntamente com os Conselhos Regionais de Química. Mas a profissão de Químico é um pouco mais antiga, foi regulamentada em 1934.
Então, parabéns a todos os químicos!!
A Química em si é o material de trabalho do Químico: o estudo da matéria, sua composição e suas transformações. A química tem sua origem na Alquimia, ciência da Antiguidade, hoje ela faz parte de nosso cotidiano, está presente em quase todas as indústrias, através dela é possível fabricar vários produtos como: cosméticos, tintas, remédios, fertilizantes, dentre outros.
Químico trabalhando |
O principal atributo do Químico é usar os conhecimentos e propriedades químicas conhecidas para criar novas substâncias, melhorar processos industriais, realizar pesquisas em diversas áreas, como por exemplo, derivados do petróleo (desenvolvendo novos combustíveis) e ainda na obtenção de novas formas de energia, como os biocombustíveis, energia nuclear, etc.
A CIÊNCIA DAS CIÊNCIAS
A alquimia é considerada uma das ciências mais antigas, tendo influenciado todas as demais.
Precursora da química, seu objetivo era compreender a natureza e reproduzir seus fenômenos para atingir um estado superior de consciência.
Em seus experimentos de laboratório, os alquimistas buscavam duas substâncias: a pedra filosofal, capaz de transformar metais em ouro, e o elixir da longa vida, capaz de prolongá-la indefinidamente.
Além de legarem à química a descoberta de substâncias e experiências químicas, os alquimistas deixaram receitas sobre como obter a pólvora e o álcool através da destilação do vinho. Supõe-se que elementos como o arsênio, antimônio, bismuto, fósforo e zinco também foram por eles descobertos.
Tabela Periódica |
A tabela periódica dos elementos químicos é a disposição sistemática dos elementos, na forma de uma tabela, em função de suas propriedades. São muito úteis para se preverem as características e tendências dos átomos . Permite, por exemplo, prever o comportamento de átomos e das moléculas deles formadas, ou entender porque certos átomos são extremamente reativos enquanto outros são praticamente inertes. Permite prever propriedades como eletronegatividade, raio iônico, energia de ionização.
Dmitri Mendeleev |
Este ordenamento foi proposto pelo químico russo Dmitri Ivanovich Mendeleev, substituindo o ordenamento pela massa atômica. Ele publicou a tabela periódica em seu livro Princípios da Química em 1869 , época em que eram conhecidos apenas cerca de 60 elementos químicos.
Assista abaixo ao documentário da BBC: "A ordem dos elementos", sobre a históra da química e da tabela periódica, postado no site Youtube, em 6 partes.
BBC - A ORDEM DOS ELEMENTOS - parte 1
BBC - A ORDEM DOS ELEMENTOS - parte 3
BBC - A ORDEM DOS ELEMENTOS - parte 4
BBC - A ORDEM DOS ELEMENTOS - parte 5
BBC - A ORDEM DOS ELEMENTOS - parte 6
Morre o escritor português José Saramago
Morreu nesta sexta-feira, aos 87 anos, o escritor José Saramago.
A morte de Saramago foi confirmada à imprensa portuguesa pelo seu editor, Zeferino Coelho. "Aconteceu há pouco", disse em entrevista à emissora de televisão RTP. "Estava doente há algum tempo, às vezer melhor outras vezes pior."
Fontes da família confirmaram a agências internacionais que Saramago estava em sua casa em Lanzarote, nas Ilhas Canárias, onde morava há vários anos.
A morte ocorreu por volta das 13h no horário local (8h de Brasília), quando o escritor estava em casa acompanhado da mulher e tradutora, Pilar del Río, informa a agência Efe.
José Saramago havia passado uma noite tranquila. Após ter feito o desjejum de costume e conversado com a mulher, começou a sentir-se mal e pouco depois morreu.
Vencedor do prêmio Nobel de Literatura em 1998, Saramago nasceu em Azinhaga em novembro de 1922. Autodidata, publicou seu primeiro trabalho, "Terra do Pecado", em 1947.
Seu trabalho seguinte, "Os Poemas Possíveis", seria lançado 19 anos mais tarde e pelos anos seguintes ele se dedicaria principalmente à poesia e ao jornalismo.
Saramago volta à prosa no final da década de 1970. Seu estilo característico começa a ser definido em "Levantado do Chão" (1980) e em "Memorial do Convento" (1982).
Em 1991, Saramago lança sua obra mais polêmica, "O Evangelho Segundo Jesus Cristo".
Considerada blasfema, a obra foi excluída de uma lista de romances portugueses candidatos a um prêmio literário pelo Subsecretário de Estado adjunto da Cultura de Portugal, Sousa Lara, sob a alegação de que não representava o país.
O último livro do escritor português José Saramago lançado no Brasil gerou polêmica desde seu lançamento. Em "Caim", o ganhador do Nobel de Literatura de 1998 usa até palavrões para contar a história do primogênito de Adão e Eva responsável pela morte do irmão Abel.
"Feliz vai também caim, já a sonhar com um almoço no campo, entre verduras, fugidios carreirinhos de água e passarinhos a sinfonizar nas ramagens. À mão direita do caminho, além, vê-se uma fila de árvores de bom porte que promete a melhor das sombras e das sestas. Para lá tocou caim o jumento. O sítio parecia ter sido inventado de propósito para refrigério de viajantes fatigados e respectivas bestas de carga. Paralela às árvores havia uma fileira de arbustos tapando o carreiro estreito que subia em direcção ao teso da colina. Aliviado do peso dos alforges, o jumento tinha-se entregado às delícias da erva fresca e de alguma rústica flor tresmalhada, sabores estes que jamais lhe tinham passado pela goela. Caim escolheu tranquilamente a ementa e ali mesmo comeu, sentado no chão, rodeado de inocentes pássaros que debicavam as migalhas, enquanto as recordações dos bons momentos vividos nos braços de lilith voltavam a aquecer-lhe o sangue. Já as pálpebras tinham começado a pesar-lhe quando uma voz juvenil, de rapaz, o fez sobressaltar, Ó pai, chamou o moço, e logo uma outra voz, de adulto de certa idade, perguntou, Que queres tu, isaac, Levamos aqui o fogo e a lenha, mas onde está a vítima para o sacrifício, e o pai respondeu, O senhor há-de prover, o senhor há-de encontrar a vítima para o sacrifício. E continuaram a subir a encosta. Ora, enquanto sobem e não sobem, convém saber como isto começou para comprovar uma vez mais que o senhor não é pessoa em quem se possa confiar.
Há uns três dias, não mais tarde, tinha ele dito a abraão, pai do rapazito que carrega às costas o molho de lenha, Leva contigo o teu único filho, isaac, a quem tanto queres, vai à região do monte mória e oferece-o em sacrifício a mim sobre um dos montes que eu te indicar. O leitor leu bem, o senhor ordenou a abraão que lhe sacrificasse o próprio filho, com a maior simplicidade o fez, como quem pede um copo de água quando tem sede, o que signifi ca que era costume seu, e muito arraigado. O lógico, o natural, o simplesmente humano seria que abraão tivesse mandado o senhor à merda, mas não foi assim. Na manhã seguinte, o desnaturado pai levantou-se cedo para pôr os arreios no burro, preparou a lenha para o fogo do sacrifício e pôs-se a caminho para o lugar que o senhor lhe indicara, levando consigo dois criados e o seu filho isaac. No terceiro dia da viagem, abraão viu ao longe o lugar referido. Disse então aos criados, Fiquem aqui com o burro que eu vou até lá adiante com o menino, para adorarmos o senhor e depois voltamos para junto de vocês. Quer dizer, além de tão filho da puta como o senhor, abraão era um refinado mentiroso, pronto a enganar qualquer um com a sua língua bífida, que, neste caso, segundo o dicionário privado do narrador desta história, significa traiçoeira, pérfida, aleivosa, desleal e outras lindezas semelhantes.
Chegando assim ao lugar de que o senhor lhe tinha falado, abraão construiu um altar e acomodou a lenha por cima dele. Depois atou o filho e colocou-o no altar, deitado sobre a lenha. Acto contínuo, empunhou a faca para sacrificar o pobre rapaz e já se dispunha a cortar-lhe a garganta quando sentiu que alguém lhe segurava o braço, ao mesmo tempo que uma voz gritava, Que vai você fazer, velho malvado, matar o seu próprio filho, queimá-lo, é outra vez a mesma história, começa-se por um cordeiro e acaba-se por assassinar aquele a quem mais se deveria amar, Foi o senhor que o ordenou, foi o senhor que o ordenou, debatia-se abraão, Cale-se, ou quem o mata aqui sou eu, desate já o rapaz, ajoelhe e peça-lhe perdão, Quem é você, Sou caim, sou o anjo que salvou a vida a isaac. Não, não era certo, caim não é nenhum anjo, anjo é este que acabou de pousar com um grande ruído de asas e que começou a declamar como um actor que tivesse ouvido finalmente a sua deixa, Não levantes a mão contra o menino, não lhe faças nenhum mal, pois já vejo que és obediente ao senhor, disposto, por amor dele, a não poupar nem sequer o teu filho único, Chegas tarde, disse caim, se isaac não está morto foi porque eu o impedi.
O anjo fez cara de contrição, Sinto muito ter chegado atrasado, mas a culpa não foi minha, quando vinha para cá surgiu-me um problema mecânico na asa direita, não sincronizava com a esquerda, o resultado foram contínuas mudanças de rumo que me desorientavam, na verdade vi-me em papos-de-aranha para chegar aqui, ainda por cima não me tinham explicado bem qual destes montes era o lugar do sacrifício, se cá cheguei foi por um milagre do senhor, Tarde, disse caim, Vale mais tarde que nunca, respondeu o anjo com prosápia, como se tivesse acabado de enunciar uma verdade primeira, Enganas-te, nunca não é o contrário de tarde, o contrário de tarde é demasiado tarde, respondeu-lhe caim. O anjo resmungou, Mais um racionalista, e, como ainda não tinha terminado a missão de que havia sido encarregado, despejou o resto do recado, Eis o que mandou dizer o senhor, Já que foste capaz de fazer isto e não poupaste o teu próprio filho, juro pelo meu bom nome que te hei-de abençoar e hei-de dar-te uma descendência tão numerosa como as estrelas do céu ou como as areias da praia e eles hão-de tomar posse das cidades dos seus inimigos, e mais, através dos teus descendentes se hão-de sentir abençoados todos os povos do mundo, porque tu obedeceste à minha ordem, palavra do senhor. Estas, para quem não o saiba ou finja ignorá-lo, são as contabilidades duplas do senhor, disse caim, onde uma ganhou, a outra não perdeu, fora isso não compreendo como irão ser abençoados todos os povos do mundo só porque abraão obedeceu a uma ordem estúpida, A isso chamamos nós no céu obediência devida, disse o anjo.
Coxeando da asa direita, com um mau sabor de boca pelo fracasso da sua missão, a celestial criatura foi-se embora, abraão e o filho também já lá vão a caminho do lugar onde os esperam os criados, e agora, enquanto caim ajeita os alforges no lombo do jumento, imaginemos um diálogo entre o frustrado verdugo e a vítima salva in extremis. Perguntou isaac, Pai, que mal te fiz eu para teres querido matar-me, a mim que sou o teu único filho, Mal não me fizeste, isaac, Então por que quiseste cortar-me a garganta como se eu fosse um borrego, perguntou"
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Ciência já tem critérios para qualificar jogador de futebol
WASHINGTON — Diante da falta de critérios objetivos para identificar os melhores jogadores de futebol, um grupo de pesquisadores criou um modelo para quantificar os rendimentos em campo dos atletas.
"Ao contrário do basquete e do beisebol, no futebol há relativamente poucos dados mensuráveis", lamenta o responsável pela pesquisa, Luís Amaral, professor de química e engenheiro biológico da Universidade de NorthWestern, no estado de Illinois.
"Contar só o número de gols dá um resultado limitado, porque alguns fazem muitos e outros raramente mandam a bola para o fundo da rede", afirma o cientista de origem portuguesa. "Assim, a maioria dos jogadores não daria subsídios para medir o rendimento depois da partida", explica.
Para compensar essa peculiaridade do futebol, Josh Waitzman criou um programa de computador que reúne as estatísticas referentes aos jogos da Eurocopa de 2008.
Em seguida, Jordi Duch, professor de matemática aplicada e informática da Universidade Rovira I Virgili, na Catalunha (Espanha), aplicou sobre esses dados um método de análise que partiu de pesquisas em redes sociais.
"Definimos uma rede em que os membros são jogadores de futebol com vínculos entre si porque têm como grande objetivo fazer um gol", explica a pesquisa, que saiu na revista americana "PLos One".
Os cientistas estabeleceram mapas com trajetórias da bola entre os jogadores e integraram os chutes a gol antes de analisar o conjunto.
Os resultados mostram que é melhor o jogador que mais toca na bola que finalmente chegará ao gol.
"Então, quanto mais chutes a gol fizer uma equipe melhor ela é", concluem os pesquisadores.
sábado, 12 de junho de 2010
Nova edição da revista Nature News reporta perspectivas para a ciência brasileira
Noticias UFMG
Entre 2003 e 2008, o financiamento público e privado total em ciência e tecnologia no Brasil subiu de 21,4 bilhões de reais (US$ 11,4 bilhões) para 43,1 bilhões de reais. Além disso, o número de artigos publicados por brasileiros em revistas científicas saltou de 14.237 para 30.415, no mesmo período, segundo a Thomson Reuters. Os dados constam de reportagem de Anna Petherick publicada na edição online de 9 de junho da revista Nature News. Intitulado High hopes for Brazilian science (Grandes esperanças para a ciência brasileira), o artigo destaca mudanças no cenário da produção de pesquisa no Brasil, também sob o viés da ação política dos presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso. Conforme registra a Agência Fapesp, a reportagem da Nature acompanhou a 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, realizada no fim de maio em Brasília. “A conferência representou a primeira vez que aqueles que estão no centro da ciência e aqueles que estão indiretamente envolvidos foram reunidos, e isso em um momento em que as coisas estão realmente decolando”, disse à revista o diretor científico da Fapesp, Carlos Henrique de Brito Cruz. A reportagem conta que o resultado da conferência será um documento, a ser enviado aos candidatos à Presidência da República, que descreverá as áreas consideradas mais importantes para a pesquisa científica no país na próxima década. O texto comenta a “sólida fundação” no país que permitirá a realização de tais políticas. Acesse aqui a reportagem. (Com Agência Fapesp)
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Pesquisa dos Laboratórios de Neuropsicologia e de Genética da UFMG pode ajudar a desvendar causas e consequências da discalculia
Equação, matriz, raiz quadrada, análise combinatória, progressão, números complexos. Para muita gente, matemática é sinônimo de dor de cabeça. Mas para 6% da população, a inabilidade com a matéria vai além de uma simples falta de afinidade com os números. Estima-se que seja essa a parcela mundial que sofra de discalculia, transtorno de aprendizagem cujos efeitos e causas ainda não foram completamente desvendados pelos cientistas.
Traçar o perfil cognitivo de crianças e adolescentes que sofrem desse transtorno é um dos objetivos de pesquisa feita pelo Laboratório de Neuropsicologia do Desenvolvimento da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), em parceria com o Laboratório de Genética Humana/ Médica do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), com colaboração do Serviço Especial de Genética do Hospital das Clínicas e do Centro de Tratamento e Reabilitação de Fissuras Labiopalatais e Deformidades Craniofaciais (Centrare), da PUC Minas.
No estudo, crianças de sete a 14 anos de escolas públicas e particulares de Belo Horizonte e Mariana são submetidas ao Teste de Desempenho Escolar. Aquelas que obtêm resultado abaixo de 25% no subteste de matemática são convidadas para uma segunda etapa de avaliação, em que passam por entrevista clínica, testes psicológicos e de inteligência, e têm o sangue coletado. Até agora 1.400 voluntários já passaram pela triagem. Desses, mais de 200 foram examinados na segunda fase. Segundo o coordenador do Laboratório de Neuropsicologia, Vitor Haase, a meta é que 500 crianças sejam submetidas aos testes psicológicos.
Uma terceira etapa da pesquisa será realizada pela equipe do Laboratório de Genética Humana do ICB, que examinará parte do genoma dos voluntários. Na conclusão dos trabalhos, os dois resultados serão comparados. “Genericamente, sabemos que as causas da discalculia são de ordem genética”, explica Haase. Segundo ele, falta identificar as áreas do genoma associadas ao transtorno.
Ponto de partida
As áreas cromossômicas a serem avaliadas no estudo relacionam-se às síndromes de Turner e Velocardiofacial (veja texto na página ao lado). Normalmente, quando o indivíduo apresenta alterações genéticas nessas regiões, desenvolve sintomas das duas doenças, que podem incluir a discalculia. “Os geneticistas caracterizaram as alterações genético-moleculares nessas síndromes e observaram que as dificuldades de aprendizagem da matemática faziam parte do fenótipo delas”, afirma Haase.
O professor diz que agora será feito o caminho inverso, com o objetivo de descobrir se algumas das crianças com dificuldade de aprendizagem em matemática têm as alterações genéticas descritas nas duas síndromes, sem que necessariamente sejam portadoras delas – ou apresentem apenas uma forma leve das doenças. “Queremos saber o quanto essas síndromes contribuem para o desenvolvimento da discalculia. Ambas podem apresentar um leque de sintomas, mas às vezes não há indício de que a criança seja portadora de uma delas”, afirma a professora Maria Raquel Carvalho, coordenadora do Laboratório de Genética Humana.
Isso poderia acontecer porque, como explica um dos mestrandos do Laboratório de Neuropsicologia, Pedro Pinheiro Chagas, possíveis alterações genéticas nessas regiões seriam responsáveis pela estruturação do córtex parietal, área do cérebro relacionada à representação numérica. “Podemos observar que a relação entre alterações genéticas e discalculia não é direta. Há um caminho, do ponto de vista do desenvolvimento, de maturação das regiões cerebrais”, completa Chagas. Todavia, essas não são as únicas regiões cromossômicas que podem estar relacionadas ao transtorno. “É provável que dezenas de outras áreas contribuam para que a pessoa tenha dificuldade de aprendizagem em matemática, mas é preciso começar por algum lugar”, argumenta Vitor Haase.
Segundo Maria Raquel Carvalho, o esclarecimento das causas da doença ocorrerá aos poucos. “Quando tirarmos as causas conhecidas, poderemos estudar todo o genoma para avaliar quais regiões causam discalculia”, resume.
Cálculo sem conta
A discalculia pode ter diversas causas. O transtorno, no entanto, não tem relação com problemas pedagógicos, educação deficiente, nem pode ser atribuído à falta de interesse do aluno pela matéria. “Ela é algo crônico, persistente no desenvolvimento e independente do estímulo”, pontua Pedro Pinheiro Chagas. A principal hipótese sobre o problema, formulada pelo francês Stanislas Dehaene, é de que a discalculia seria consequência de um déficit na representação numérica.
De acordo com essa teoria, há três formas de representação numérica distintas: a analógica, a simbólica e a verbal. A primeira seria algo inato, presente inclusive em animais. Graças a essa habilidade conseguimos julgar, por exemplo, se numa folha de papel a quantidade de pontos pretos corresponde ao dobro do número de pontos vermelhos, sem fazer qualquer tipo de conta. “É algo aproximativo. Se você colocar em uma vasilha um quilo de carne para um cachorro e meio quilo em outra, ele provavelmente vai em direção ao recipiente que tem mais. Ele não fez qualquer operação; simplesmente estima”, exemplifica o mestrando.
Já as duas outras formas de representação seriam construções sociais. “São maneiras de tornar algo impreciso e intuitivo em uma coisa exata e culturalmente aprendível”, define Pedro Chagas. A representação simbólica consiste em traduzir quantidades aproximadas em números, enquanto a verbal permite falar ou escrever um número.
Segundo esse modelo, os indivíduos com discalculia, ou pelo menos parte deles, teriam dificuldade elementar na representação de magnitudes, ou seja, na representação analógica. Mas, como lembra o mestrando, a matemática é uma atividade muito mais complexa que simplesmente estimar quantidades, por isso vários dos indivíduos com discalculia teriam também problemas em outras áreas: funções executivas, memórias de trabalho, capacidade de manter uma informação no cérebro durante a realização de uma operação, transcodificação, entre outras.
Um dos objetivos da pesquisa é identificar outros domínios cognitivos que podem ser afetados pelo transtorno, como atenção, processamento visoespacial e a linguagem. Por enquanto, o estudo não inclui um programa direto de reabilitação; dessa forma crianças que passam pelos exames e apresentam dificuldade de aprendizagem da matemática são encaminhadas a outras instituições. “Os dados disponíveis sobre o prognóstico mostram que essas dificuldades são crônicas, persistem, mas os indivíduos melhoram com atendimento e medidas psicopedagógicas”, destaca Vitor Haase. A pesquisa é financiada pela Fapemig, CNPq e Capes.
(Boletim UFMG 1698)
domingo, 6 de junho de 2010
Voluntários começam simulação de viagem a Marte de 520 dias
Experiência servirá para estudar a compatibilidade psicológica e a tolerância da tripulação em voo
MOSCOU - Seis voluntários começaram nesta quinta-feira, 3, uma simulação de voo a Marte que os manterá isolados do mundo durante 520 dias e servirá para estudar a compatibilidade psicológica e a tolerância dos membros de uma tripulação durante um voo interplanetário.
Suas palavras foram respondidas com uma entusiasta réplica "Às ordens", pronunciada pelo comandante dos "viajantes interplanetários", o russo Alexey Sitev. Em seguida, os seis voluntários entraram no simulador, cujas portas foram fechadas.
Junto com Sitev, participam do experimento Marte-500 os também russos Sukhrob Kamolov e Alexandr Smoleevskiy, o ítalo-colombiano Diego Urbina, o francês Romain Charles e o chinês Wang Yue.
Todos eles compartilharão durante um ano e pouco mais de cinco meses os 550 metros cúbicos que somam os quatro módulos cilíndricos que constituem o simulador.
Eles permanecerão isolados do mundo exatamente durante o tempo que leva o voo de ida e volta a Marte, 490 dias, mais outros 30 de permanência simulada no planeta vizinho.
Na fase "marciana" do experimento, será usado um simulador da superfície do Planeta Vermelho, de 1,2 mil metros cúbicos, no qual sairão devidamente vestidos os participantes do experimento.
A Agência Espacial Europeia (ESA) e a russa Roscosmos lançaram em 2004 esse ambicioso projeto, que se uniu posteriormente à China e no qual também colaboram outros países, como os Estados Unidos.
Em novembro de 2007, foi realizado um primeiro experimento preparatório em que seis voluntários russos permaneceram isolados do exterior durante duas semanas, enquanto em julho do ano passado aconteceu um simulação de voo ao Planeta Vermelho que durou 105 dias.
Confira a reportagem da BBC Brasil:
NASA teria descoberto evidências de vida em lua de Saturno
Cientistas teriam decoberto que formas de vida na lua Titã, uma das grandes luas de Saturno, haviam respirado e se alimentado no astro.
A pesquisa é divida em duas partes: a primeira, no jornal Icarus, mostra que o gás hidrogênio que circula pela atmosfera da lua desapareceu da superfície. Isso evidenciaria que aliens haviam respirado por lá.
A segunda parte, no Journal of Geophysical Research, conclui que a superfície de Titã empobreceu-se de hidrogênio.
Os cientistas foram levados a acreditar que isso ocorreu devido ao consumo por alguma forma de vida.
Chris McKay, um astrobiologista do Nasa Ames Research Centre, em Moffett Field, California, que liderou o estudo disse: "Sugerimos o consumo do hidrogênio porque esse é o gás óbvio para que a vida consuma em Titã, assim como consumimos oxigêno na Terra."
"Se esses sinais se tornarem sinais de vida, isso seria duplamente emocionante, porque representaria uma segunda forma de vida independente da forma de vida aqui da Terra, que é baseada em água."
Apesar disso, eles salientaram que existem outras explicações para tais observações. Porém, tomadas juntas, essas duas evidências indicam duas importantes condições necessárias para a existência de vida baseada em metano.
Planetinha esférico
Fundação Getúlio Vargas abre as portas para o futebol e discute a relação do esporte com a sociedade, a literatura, a museologia e o cinema.
Kaká, Ronaldinho, Pelé e Tostão. Craques brasileiros, ídolos. Alguns mitos. Mitos com uma singularidade: têm apelidos de gente comum, diminutivos carinhosos. O que poderia ser apenas uma engraçada coincidência é, na verdade, prática repetida à exaustão com milhares de jogadores brasileiros. Então, fica a pergunta: o que será que os inhos no final do nome dos nossos ídolos dizem sobre o Brasil?
Em um debate na sexta-feira passada que uniu futebol e ciências sociais e humanas na Fundação Getúlio Vargas (FGV - RJ), o autor do livro Veneno remédio (2008), obra que traça as linhas de encontro e desencontro entre o futebol e os hábitos dos brasileiros, disse:
– A gente não abre mão de chamar nossos heróis de forma infantil. É a nossa clássica mistura do privado e do público, como explica Sérgio Buarque em Raízes do Brasil. Temos medo de assumir responsabilidades. Não somos como os europeus. Quando eles entram em campo, vemos um desfile de sobrenomes.
Wisnik, que estava na mesa junto com o mediador Bernardo Buarque de Hollanda, era só parte de um evento. Durante todo o dia, falou-se também de temas como o Museu do Futebol, em São Paulo, e a relação do cinema com o esporte.
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Planeta esférico
HISTÓRIA NO BRASIL
O primeiro time a se formar no Brasil foi o SÃO PAULO ATHLETIC, fundado em 13 de maio de 1888.
No início, o futebol era praticado apenas por pessoas da elite, sendo vedada a participação de negros em times de futebol.
Como não poderia deixar de ser, a ciência também tem o futebol como objeto de estudo.
Veja abaixo trechos do documentário "A Ciência do Gol", da Discovery Channel, exibido em 16 de maio.
Mais um do lendário lateral esquerdo Roberto Carlos, que sempre teimou em desafiar as probabilidades.