segunda-feira, 31 de maio de 2010

Geneticista propõe "desinvenção" do conceito de raça humana - Folha.com

O Homo sapiens europaeus é branco, sério e forte. O Homo sapiens asiaticus é amarelo, melancólico e avaro. O Homo sapiens afer é negro, impassível e preguiçoso. E o Homo sapiens americanus é vermelho, mal-humorado e violento.

Essa caracterização da espécie humana, proposta em 1767 pelo naturalista sueco Carl Linnaeus (1707-78), marca a primeira divisão "científica" da humanidade em "raças". Somado a crenças ancestrais e estudos científicos posteriores, o trabalho de Linnaeus colaborou para a consolidação do conceito de que a humanidade se divide em "raças" e para a justificação de todos os subprodutos dessa lógica, como o racismo.

No livro "Humanidade Sem Raças?", o doutor em genética humana Sérgio Pena trata da questão racial por meio de um recorte biológico e propõe a "desinvenção" do conceito de raças. Em formato de ensaio, o livro trata do tema de forma, ao mesmo tempo, sintética e atualizada.

"Tratar um indivíduo com base na cor da sua pele ou na sua aparência física é claramente errado, pois alicerça toda a relação em algo que é moralmente irrelevante com respeito ao caráter ou ações daquela pessoa", afirma o autor.

Pena mostra em "Humanidade Sem Raças?" como o conceito de divisão racial se infiltrou paulatinamente em nossa cultura e contribuiu para justificar a dominação de alguns grupos por outros, assim como a discriminação, a exploração e inúmeras atrocidades --que vão da escravização dos negros até o nazismo e o apartheid.

O autor se apóia nos mais recentes estudos da genética molecular --como o seqüenciamento do genoma humano-- para provar que os rótulos usados para distinguir "raças" não têm qualquer significado biológico. E propõe a definitiva "desinvenção" desse conceito.

"Podemos dizer que, se a cultura ocidental inventou o racismo e as raças, temos, agora, o dever de desinventá-las", afirma Sérgio Pena. "Devemos fazer todo esforço em prol de uma sociedade desracializada, que valorize e cultive a singularidade do indivíduo e na qual cada pessoa tenha a liberdade de assumir uma pluralidade de identidades. Este sonho está em sintonia com o fato demonstrado pela genética moderna: cada um de nós tem uma individualidade genômica absoluta, que interage com o ambiente para moldar sua exclusiva trajetória de vida".

O Autor

Sérgio Pena é professor titular do Departamento de Bioquímica e Imunologia da UFMG e membro da Academia Brasileira de Ciências.

Trecho da Obra

A Bíblia nos apresenta os Quatro Cavaleiros do Apocalipse: Morte, Guerra, Fome e Peste. Com os conflitos na Irlanda do Norte, em Ruanda e nos Bálcãs, no fim do século passado, e após o 11 de Setembro, a invasão do Afeganistão e do Iraque e os conflitos de Darfur no início do século 21, temos de adicionar quatro novos cavaleiros: Racismo, Xenofobia, Ódio Étnico e Intolerância Religiosa.

Neste livro vamos examinar um desses: o racismo, com o seu principal comparsa, a crença na existência de "raças humanas". Proponho demonstrar que as raças humanas são apenas produto da nossa imaginação cultural. Como disse o epidemiologista americano Jay S. Kaufman, as raças não existem em nossa mente porque são reais, mas são reais porque existem em nossa mente.1

Acredito que a palavra devia ser sempre escrita entre aspas. Como isso comprometeria demais a apresentação do texto, serão omitidas aqui, mas gostaria de sugerir que o leitor as mantivesse, imaginariamente, a cada ocorrência do termo. No passado, a crença de que as raças humanas possuíam diferenças biológicas substanciais e bem demarcadas contribuiu para justificar discriminação, exploração e atrocidades. Ao longo dos tempos, esse infeliz conceito integrou-se à trama da nossa sociedade, sem que sua adequação ou veracidade tenham sido suficientemente questionadas.

Perversamente, o conceito tem sido usado não só para sistematizar e estudar as populações humanas, mas também para criar esquemas classificatórios que parecem justificar o status quo e a dominação de alguns grupos sobre outros. Assim, a sobrevivência da idéia de raça é deletéria por estar ligada à crença continuada de que os grupos humanos existem em uma escala de valor. Essa persistência é tóxica, contaminando e enfraquecendo a sociedade como um todo.

Henry Louis Gates Jr. (1950), professor da Universidade de Harvard e diretor do Instituto w.e.b. Du Bois de Pesquisa Sobre Africanos e Afro-Americanos, é um brilhante intelectual norte-americano da atualidade. Em um artigo intitulado "A Ciência do Racismo", recentemente publicado online na revista The Root, Gates faz a seguinte afirmativa: "[...] a última grande batalha sobre o racismo não será lutada com relação ao acesso a um balcão de restaurante, a um quarto de hotel, ao direito de votar, ou mesmo ao direito de ocupar a Casa Branca; ela será lutada no laboratório, em um tubo de ensaio, sob um microscópio, no nosso genoma, no campo de guerra do nosso DNA. É aqui que nós, como uma sociedade, ordenaremos e interpretaremos a nossa diversidade genética".2

Vou seguir a sugestão de Gates e examinar toda a questão das raças humanas e do racismo sob o prisma da biologia e da genética moderna, com uma perspectiva histórica. Assim, contrasto três modelos estruturais da diversidade humana. O primeiro, com base na divisão da humanidade em raças bem definidas, foi desenvolvido nos séculos 17 e 18 e culminou no racismo científico da segunda metade do século 19 e no movimento nazista do século 20. Esse equivocado modelo tipológico definiu as raças como muito diferentes entre si e internamente homogêneas. E foi essa crença de que as diferentes raças humanas possuíam diferenças biológicas substanciais e bem demarcadas que contribuiu para justificar discriminação, exploração e atrocidades.

O segundo foi o modelo populacional. Incorporando novos conhecimentos científicos, ele surgiu após o final da Segunda Guerra Mundial, e fez a divisão da humanidade em populações, que passaram a ser corretamente percebidas como internamente heterogêneas e geneticamente sobrepostas. Infelizmente ele se degenerou em um modelo "populacional de raças" e tem sido compatível com a continuação do preconceito e da exploração.

O que proponho para o século 21 é a substituição desses dois modelos prévios por um novo paradigma genômico/individual de estrutura da diversidade humana, que vê essa espécie dividida não em raças ou populações, mas em seis bilhões de indivíduos genomicamente diferentes entre si, mas com graus maiores ou menores de parentesco em suas variadas linhagens genealógicas.

A Invenção das Raças

Parece existir uma noção generalizada de que o conceito de raças humanas e sua indesejável conseqüência, o racismo, são tão velhos como a humanidade. Há mesmo quem pense neles como parte essencial da "natureza humana". Isso não é verdade. Pelo contrário, as raças e o racismo são uma invenção recente na história da humanidade.

Desde os primórdios da humanidade houve violência entre grupos humanos, mas só na era moderna essa violência passou a ser justificada por uma ideologia racista. De fato, nas civilizações antigas não são encontradas evidências inequívocas da existência de racismo (que não deve ser confundido com rivalidade entre comunidades). É certo que havia escravidão na Grécia, em Roma, no mundo árabe e em outras regiões. Mas os escravos eram geralmente prisioneiros de guerra e não havia a idéia de que fossem "naturalmente" inferiores aos seus senhores. A escravidão era mais conjuntural que estrutural - se o resultado da guerra tivesse sido outro, os papéis de senhor e escravo estariam invertidos.

A emergência do racismo e a cristalização do conceito de raças coincidiram historicamente com dois fenômenos da era moderna: o início do tráfico de escravos da África para as Américas e o esvanecimento do tradicional espírito religioso em favor de interpretações científicas da natureza.

Diversidade Humana

Antes de prosseguirmos, proponho ao leitor um simples experimento. Dirija-se a um local onde haja grande número de pessoas - uma sala de aula, um restaurante, o saguão de um edifício comercial ou mesmo a calçada de uma rua movimentada. Agora observe cuidadosamente as pessoas ao redor.

Deverá logo saltar aos olhos que somos todos muito parecidos e, ao mesmo tempo, muito diferentes. Podemos ver grandes similaridades no plano corporal, na postura ereta, na pele fina e na falta relativa de pêlos, características da espécie humana que nos distinguem dos outros primatas.

Por outro lado, serão evidentes as extraordinárias variações morfológicas entre as diferentes pessoas: sexo, idade, altura, peso, massa muscular e distribuição de gordura corporal, comprimento, cor e textura dos cabelos (ou ausência deles), cor e formato dos olhos, formatos do nariz e lábios, cor da pele etc.

Essas variações são quantitativas, contínuas, graduais. A priori, não existe absolutamente qualquer razão para valorizar uma ou outra dessas características no exercício de perscrutação. Mas logo se descobre que nem todos os traços têm a mesma relevância. Alguns são mais importantes; por exemplo, quando reparamos que algumas pessoas são mais atraentes que outras.

Além disso, há características que podem nos fornecer informações sobre a origem geográfica ancestral das pessoas: uma pele negra pode nos levar a inferir que a pessoa tenha ancestrais africanos, olhos puxados evocam ancestralidade oriental etc. Mas isso é tudo: não há nada mais que se possa captar à flor da pele.

Pense bem. Como é possível que o fato de possuir ancestrais na África faça o todo de uma pessoa ser diferente de quem tem ancestrais na Ásia ou Europa? O que têm a pigmentação da pele, o formato e a cor dos olhos ou a textura do cabelo a ver com as qualidades humanas singulares que determinam uma individualidade existencial? Tratar um indivíduo com base na cor da sua pele ou na sua aparência física é claramente errado, pois alicerça toda a relação em algo que é moralmente irrelevante com respeito ao caráter ou ações daquela pessoa.

Dia Mundial Sem Tabaco



Hoje, 31 de maio, comemora-se o Dia Mundial sem Tabaco, que terá como alvo principal as mulheres. Isso porque, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 40% das mortes de mulheres com menos de 65 anos no Brasil é causado pelo fumo.

O objetivo da campanha é alertar sobre as estratégias que a indústria do tabaco usa para atingir o público feminino e os males que o cigarro causa à saúde e ao meio ambiente. De acordo com a OMS, as mulheres hoje são o principal alvo da indústria do tabaco.

Atualmente o mundo tem 1 bilhão de fumantes ativos (cerca de 14,7% da população mundial), e mais de 5 milhões de pessoas morrem todo ano devido ao tabagismo. Esse número desconsidera as inúmeras pessoas que convivem involutariamente com a fumaça tóxica do cigarro.

Nesta segunda-feira será aberta, na Câmara dos Deputados, em Brasília, a exposição Propagandas de Cigarro – Como a Indústria do Fumo Enganou as Pessoas. Serão apresentadas peças publicitárias impressas e filmes comerciais das marcas de cigarro veiculados entre as décadas de 1920 e 1950 nos Estados Unidos.

Conheça os males do fumo
O cigarro contém uma mistura de cerca de 4.700 substâncias tóxicas. Parte delas é gasosa – incluindo o monóxido de carbono, e algumas são partículas, como o alcatrão, a nicotina e a água.
O alcatrão, além dos radioativos urânio, polônio 210 e carbono 14, concentra 43 substâncias comprovadamente carcinogênicas, ou seja, que provocam o câncer, já que alteram o núcleo das células.
Aproximadamente, 3 a 6% da fumaça do cigarro são compostos por monóxido de carbono. Quando inalado, o monóxido de carbono atinge os pulmões e dali segue para o sangue, reduzindo sua capacidade de carregar oxigênio.
Em conseqüência, as células deixam de respirar e produzir energia, o que faz com que o fumante tenha o fôlego prejudicado e fique exposto ao risco de doenças cardiovasculares e respiratórias.
Além de venenoso em altas concentrações, o CO está implicado em muitas doenças associadas ao fumo, inclusive nos efeitos danosos sobre o desenvolvimento do feto das grávidas tabagistas.

A nicotina, outra das substâncias encontradas no cigarro, diminui a capacidade de circulação sangüínea, aumenta a deposição de gordura nas paredes dos vasos e sobrecarrega o coração, podendo levar ao infarto do miocárdio e ao câncer, mas seu papel mais importante é reforçar e potencializar a vontade de fumar.
Ela atua da mesma forma que a cocaína, o álcool e a morfina, causando dependência e obrigando o fumante a usar continuamente o cigarro. Em altas concentrações, é também venenosa.

Não-fumantes - Os fumantes não são os únicos expostos aos males do cigarro.
Também os não-fumantes são atingidos, já que passam a ser fumantes passivos.
Onde quer que alguém esteja fumando, são encontradas partículas da fumaça do cigarro, principalmente em locais fechados, residenciais ou públicos.
Rapidamente, as concentrações das substâncias tóxicas da fumaça excedem os níveis considerados padrões para a qualidade do ar ambiente.

O cigarro é considerado pela Organização Mundial da Saúde – OMS – como o maior agente de poluição doméstica e ambiental, tendo em vista que as pessoas passam 80% de seu tempo diário em locais fechados, tais como os de trabalho, residência e lazer.
Gravidez - Fumar durante a gravidez acarreta sérios riscos tanto para o bebê quanto para a mãe. Abortos espontâneos, nascimentos prematuros, bebês de baixo peso, mortes fetais e de recém-nascidos, complicações com a placenta e hemorragias ocorrem mais freqüentemente quando a mulher grávida fuma.
Tais agravos são devidos, principalmente, aos efeitos do monóxido de carbono e da nicotina sobre o feto, após sua absorção pelo organismo materno.
Um único cigarro fumado por uma gestante é capaz de acelerar, em poucos minutos, os batimentos cardíacos do feto, pelo efeito da nicotina em seu aparelho cardiovascular.
Portanto, é fácil imaginar a extensão dos danos causados ao feto em virtude do tabagismo da mãe gestante.


Efeitos Causados Pelo Fumo sobre a Saúde
A curto prazo A médio e longo prazos
· Irritação nos olhos · Redução da capacidade respiratória
· Manifestações nasais · Infecções respiratórias em crianças
· Tosse e cefaléia · Aumento do risco de aterosclerose
· Aumento dos problemas alérgicos e cardíacos · Câncer
· Infarto do miocárdio

Doenças associadas ao uso do cigarro
· Doenças coronarianas (25%)

Angina e infarto

· Doenças pulmonares obstrutivas crônicas - DPOC (85%)

Bronquite e enfisema

· Câncer em geral (30%)
Pulmão (90%), boca, laringe, faringe, esôfago, pâncreas, rim, bexiga e colo de útero
· Doenças cerebrovasculares (25%)

Derrame cerebral

· Úlceras digestivas
· Infecções respiratórias variadas

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Melhoria do ensino reduz desigualdade, apontam especialistas em conferência de ciência e tecnologia


Daniel Lima - Repórter da Agência Brasil

Imagens postadas pelo blog

Brasília – É preciso melhorar o sistema de ensino no Brasil para que as desigualdades sociais sejam reduzidas e haja mais inclusão social, avaliaram hoje (28) os participantes de plenária sobre o tema, na 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. Luiz Davidovich, físico e secretário-geral do evento lembrou que os cientistas e a comunidade acadêmica não podem resolver todos os problemas, que, muitas vezes, têm a ver com a adoção de políticas públicas corretas para reduzir a lacuna que existe entre os menos e os mais favorecidos.

“Às vezes, ficamos muito preocupados que coloquem muito peso nas costas da comunidade científica em relação a essas questões. Questões de políticas públicas, e que são importantes, extravasam o âmbito da ciência”, disse. Um exemplo citado por ele é sobre a assistência educacional às crianças de até 3 anos. Para Davidovich, essa assistência é fundamental para “determinar o horizonte, o futuro dessas crianças.”

Segundo ele, existem estatísticas, com números levantados em outros países, que mostram que uma intervenção nessa faixa de idade muda o rumo do cidadão, reduzindo a taxa de criminalidade e aumentando a chance de acesso ao ensino superior. “Então, essa é uma questão que independe da ciência e tecnologia”, disse.

Por outro lado, ele destaca que é importante a ciência atuar em conjunto com as tecnologias sociais, que procuram estimular novos tipos de empreendimentos. Para ele, é importante que a inovação não ocorra apenas nas empresas clássicas, mas também em novos setores como cooperativas e empreendimentos sociais e populares.

“Em outras palavras, procura-se também conceber novos tipos de empresa, com inovação, mas que não participem de um processo de exclusão social e que apresentem perspectivas para um novo modelo de organização social”, observa. Nesse aspecto, ele defende mudanças, por exemplo, no ensino de ciências, não da forma como é feito em muitas escolas, apenas com o quadro de giz, mas que permita ao estudante vivenciar as experiências.
Davidovich, físico e secretário-geral da 4ª CNCTI


Outro problema que acaba se refletindo na inclusão é a falta de uma escola boa e eficiente para todos. Davidovich lembra que, nas comunidades carentes, os pais analfabetos, ao descobrirem que os filhos já leem, ficam satisfeitos e acham que é o suficiente para uma ocupação no mercado de trabalho. No entanto, há uma discriminação entre as escolas dessas comunidades e as escolas das classes média e alta.

“Não basta a criança aprender a ler e ser enviada ao mercado de trabalho. Ela tem de aprender a perguntar, questionar, interrogar a natureza”. Davidovich também acredita que é preciso investir mais na formação dos professores. Ele sugeriu que haja um maior envolvimento de todos nessa questão, do Estado e do próprio mundo acadêmico, principalmente nas instituições públicas.

Na plenária sobre o papel da ciência, da tecnologia e da inovação na redução das desigualdades sociais e na inclusão social como consequência da democracia e da cidadania, foi mostrado que a nota mínima para entrar, em uma universidade, no curso de medicina, é 8,3, enquanto para os candidatos à licenciatura de física e matemática, é pouco mais de 3. “Ora, esses serão os professores e educadores das nossas crianças, os formadores das nossas crianças. Entram no vestibular com média 3. É um paradoxo que foi resolvido em outros países”, afirmou.

O especialista chegou a comparar esse cenário a um regime separatista como o apartheid, em que há dois grupos: um que é beneficiado com educação de qualidade e outro que recebe uma educação de baixa qualidade. “Se não mudarmos isso, o país não terá um forte protagonismo internacional. Vem de séculos [essa realidade], da escravidão, da segregação social e precisa de dez a 20 anos [para ser resolvida]. Deve ser iniciada logo [uma mudança desse quadro], para que, daqui a 20 anos, não tenhamos mais essa segregação”.

De acordo com a professora Maria Alice Rezende de Carvalho, do Departamento de Sociologia e Política da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, é importante transformar a ciência em algo que tenha valor para o cidadão comum. Presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), Maria Alice disse ainda que não se pode separar ciência e tecnologia que, constitutivamente, estão associadas à democratização da sociedade.

Ela citou como exemplo a difusão da informação, que precisa de uma tecnologia específica e está cada vez mais desenvolvida. O próprio processo de formação de acervos envolve ciência, observou. “Sem informação é impossível dar prosseguimento aos desejos e entender de que maneira esses desejos podem ser realizados por meio de cursos e de uma formação específica”, disse.

Maria Alice também destacou a educação como de fundamental importância nesse processo de inclusão e na redução das diferenças sociais e econômicas. “A Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação pretende que a ciência seja uma linguagem do mundo e que ela traga, de fato, melhoria para a qualidade das condições de vida das grandes massas brasileiras”.

Entre os aspectos importantes para que isso ocorra, a professora citou a melhoria da qualidade de vida em todos os níveis e a possibilidade de transformação das inovações sociais, que estão na base da sociedade, encontrarem caminhos para a difusão desse conhecimento. Para a presidente da Anpocs, é importante também que comunidades que, muitas vezes, têm saberes empíricos, venham a ser também produtoras de conhecimento.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Bebê viciado em cigarros

Um bebê na Indonésia, com dois anos de idade, fuma 40 cigarros por dia. Foi o próprio pai quem deu o primeiro cigarro para a criança. Na época, ele tinha 18 meses.

A mãe do garoto acredita que ele está viciado. Ela contou ao jornal inglês "The Sun" que, quando não recebe os cigarros, bate a cabeça contra a parede. Já o pai afirma que o filho parece saudável. "Eu não vejo problema", disse.

No país, é comum crianças fumarem. O hábito do garoto custa mais de R$ 10 por dia para a família asiática.


Parece brincadeira. Hoje mesmo eu reparei, quando saía de casa, um mãe sentada e fumando um cigarro com sua filhinha, de uns 3 anos de idade, inalando toda a fumaça que a mãe expelia de seus pulmões. Tudo bem os pais alimentarem sua burrice com cigarros, mas estimularem ou obrigarem os filhos, que nem ao menos conseguem entender a toxicidade daquela fumaça, a fumarem também?? É um ABSURDO!!!!

Nosso lugar no cosmos (Sinfonia da ciência)

terça-feira, 25 de maio de 2010

Sobre a educação

Estava eu numa biblioteca pública quando um rapaz, que estava à mesma mesa na qual eu me encontrava, interpelou-me pedindo auxílio num exercício simples de matemática. Eu o ajudei e reparei, com interesse, que ele tinha uma apostila de japonês consigo. Agilmente o perguntei: "Você estuda japonês?" Ele respondeu afirmativamente e começou a falar sobre sua paixão pelo Japão, país que apenas conhecera por meio da TV, de leituras e de relatos de algumas pessoas. Logo me mostrou que estava em um método de aprendizagem chamado Kumon, explicando-me todo o funcionamento deste e exaltando a disciplina necessária para aprender com esse método, por meio do qual ele estudava matemática. O desejo dele era passar no vestibular para Relações Internacionais, mas ele não tinha dinheiro nem para uma faculdade particular, nem para estudar fora da cidade. Não tinha escolha a não ser pleitear uma vaga na universidade federal da cidade, o que não era uma tarefa fácil. Aluno de escola pública, ele havia tido sérias dificuldades com a "ciência irrefutável dos números" quando estudara no colégio. Entretanto ele me confessou: seu maior sonho era mudar-se para o Japão. Como não se interessar pela história desse rapaz? Sua origem humilde e suas dificuldades pareciam ser o que lhe davam força para estar ali, numa biblioteca, estudando. Passava noites em claro para conseguir cumprir os objetivos do método, já que também estudava inglês, além do japonês. Era bolsista num colégio de idiomas. Sua mãe era diarista, não tendo condições financeiras de bancar seus estudos. Passamos aquela tarde coversando sobre as culturas do Japão e de países do 1° mundo, o quão eram diferentes da nossa aqui do Brasil. E o assunto que mais marcou foi sobre a educação. Esta foi apontada como a principal chave da diferença entre os países. Foi ai que ele me indicou um vídeo: Escola Pública no Japão x Escola Pública no Brasil. Este vídeo é do programa Altas Horas, quando o apresentador Serginho Groisman viajou até o Japão.
Veja:

O vídeo mostra claramente a qualidade de ensino no outro lado do mundo. Afinal, o investimento do Japão em educação, segundo o mesmo rapaz que conheci na biblioteca, é de 21%. Um número realmente incrível, comparado com o Brasil, por exemplo, que é de 4,4%.
Abaixo, posto um vídeo de uma fala do Senador Cristovam Buarque (PDT) sobre educação:


A realidade da educação brasileira é realmente triste (isso inclusive já se tornou um clichê), porém, são histórias como a desse rapaz que conheci na biblioteca e as de muitas outras pessoas que imprimem em nós um sentimento de esperança em relação ao futuro do nosso país.

domingo, 23 de maio de 2010

LHC (grande colisor de hádrons) tem Brasil em primeiro no grid


Por Fabio Reynol | Agência FAPESP

O conjunto de computadores (cluster) do Centro Regional de Análise de São Paulo (Sprace) da Universidade Estadual Paulista (Unesp) apresentou a melhor qualidade de serviços de processamento prestados ao acelerador de partículas LHC (sigla em inglês para “grande colisor de hádrons”).

Mantido pela Comunidade Europeia, o LHC é uma unidade do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern) localizado em Genebra, na Suíça, e recebe suporte computacional de 161 clusters espalhados por vários países.

Foi a avaliação técnica mensal desses grupos, referente ao mês de abril, que colocou o brasileiro em primeiro lugar em confiabilidade e disponibilidade de serviço.

“Ficamos à frente de instituições como o Caltech [Instituto de Tecnologia da Califórnia], o MIT [Instituto de Tecnologia de Massachusetts], o Centro de Computação de San Diego, que é o maior do mundo, e o cluster de Nebraska, que está entre os melhores e nos auxiliou na instalação do nosso sistema”, disse Sérgio Ferraz Novaes, professor do Instituto de Física Teórica da Unesp, campus da Barra Funda, São Paulo, onde está instalado o Sprace, à Agência FAPESP.


Novaes destaca que não se trata de um feito conquistado apenas pelo Sprace, mas por um amplo grupo de profissionais que mantém a qualidade da transmissão e do processamento de dados executado no centro.

“Nosso trabalho depende da Rede ANSP [Academic Network at São Paulo, um programa da FAPESP], da infraestrutura fornecida pela Unesp e de uma série de outros fatores. Se o ar condicionado para de funcionar, por exemplo, os computadores não se sustentarão e interromperão o serviço”, disse, ressaltando que a competência apresentada foi de um grupo do qual o Sprace é apenas uma parte.

A fim de processar a enorme quantidade de informações produzidas a partir dos experimentos realizados no LHC, o maior instrumento científico já construído pelo homem, foi formado o WLCG (Worldwide LHC Computing Grid, ou Grade Mundial LHC de Computação), que congrega recursos computacionais de centenas de laboratórios de pesquisa ao redor do mundo.

O WLCG dispõe de uma estrutura de processamento hierárquico, sendo dividido em camadas denominadas “tiers”. O centro de processamento principal é o tier 0, que fica nas instalações do Cern. A ele estão conectados 11 centros nacionais que formam a camada tier 1. Esses centros estão localizados em países como Canadá, França, Alemanha, Holanda, Reino Unido e nos Estados Unidos, onde há dois deles.

Na terceira camada estão 160 centros de processamento regionais da classe tier 2, entre eles o Sprace, que está submetido ao tier 1 localizado no Fermilab, nos Estados Unidos. A cada tier 2 ainda podem se conectar grupos de pesquisadores que formam centros da classe tier 3.

Desde 2005, o Sprace faz parte do Open Science Grid (OSG), que coordena as ações da rede científica norte-americana. Ao lado do projeto europeu Enabling Grids for E-Science in Europe (EGEE), o OSG é membro do WLCG.

Para um grupo participar do WLCG no nível tier 2 é necessário contar com alta capacidade de processamento que contemple os trabalhos da colaboração. Além disso, é exigida uma infraestrutura de rede capaz de transferir um grande volume de dados e de manter esses serviços disponíveis em, pelo menos, 95% do tempo para receber tarefas dos experimentos.

“Por isso, a avaliação não é somente da qualidade do processamento, mas também da quantidade de dados processada, o que depende da capacidade de transporte da rede”, explicou Novaes.

Físico brasileiro põe em dúvida a Teoria do Big Bang


O doutor em física pela Universidade de Genebra e pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), MÁRIO NOVELLO,contesta a Teoria do Big Bang em seu livro: DO BIG BANG AO UNIVERSO ETERNO, editora Zamar. O livro analisa o surgimento de outra teorias, paralelas à da "grande explosão", que tentam explicar a origem do universo.

Abaixo, um trecho da obra:


Em dezembro de 2007, concluí, com meu colaborador Santiago Bergliaffa, a redação de um artigo que uma revista científica me convidara a escrever, e que nos ocupou intensamente aquele ano todo. Tratava-se de analisar de modo crítico as diferentes propostas que os cosmólogos produziram, ao longo do século XX até os nossos dias, envolvendo modelos cosmológicos não singulares, isto é, modelos que se opõem frontalmente ao antigo cenário-padrão chamado big bang.

O resultado dessa análise - em que examinamos mais de 400 trabalhos científicos - foi um artigo longo, de mais de 100 páginas, que ganhou o título de "Bouncing cosmologies". Quando, no final do mesmo ano, enviamos o texto para a prestigiosa revista Physics Report, nos demos conta de que aquele era um momento simbólico do fim do paradigma paralisante do modelo explosivo. Com efeito, era a primeira vez, desde os anos 1970 - data que marca o começo da hegemonia do cenário da grande explosão -, que uma revista científica de tão elevada reputação na comunidade internacional da ciência abria tamanho espaço para examinar a questão crucial da cosmologia, a origem do Universo, fora do contexto simplista do cenário big bang.

Nesse cenário, o momento singular, caracterizado por uma condensação máxima pela qual o Universo passou há uns poucos bilhões de anos, é identificado ao "começo do Universo" e não permite análise anterior. Em oposição, no cenário não singular, o Universo não tem um "começo" separado de nós por um tempo finito em nosso passado; aquele momento de condensação máxima nada mais é que um momento de passagem de uma fase anterior para a atual fase de expansão.

No modelo cosmológico do Universo eterno, nesses cenários não singulares, dá-se um passo a mais, ao procurar uma explicação racional para a expansão do volume total do Universo. Dito de outro modo, trata-se de retirar o limite que os cientistas se impuseram arbitrariamente, no século XX, rumo à análise do que teria ocorrido antes do momento de máxima condensação, produzindo aquele estado único, especial, a partir do qual o volume total do espaço aumentaria com o passar do tempo cósmico, exibindo uma expansão.

O presente livro, baseado no artigo de 2007 e em uma série de conferências que realizei ao longo de 2007 e 2008, introduz o leitor não especialista à seguinte questão: o Universo teve um começo em um tempo finito, ou ele é eterno?

Neste momento, talvez fosse relevante abrir um pequeno parêntese para um comentário pessoal que me parece bastante significativo e exemplifica muito bem por que se manteve durante tanto tempo a exagerada hegemonia de que desfrutou o cenário big bang.

Quando, há uma década, eu estava passando um período de colaboração com cientistas da Universidade de Lyon, na França, fui convidado pelo Conselho Cultural de Villeurbane - região onde está situada aquela Universidade - a apresentar uma conferência para o grande público sobre os avanços da cosmologia. Ao conversar com alguns professores sobre a palestra, comentei que iria apresentar as duas alternativas que os cientistas haviam elaborado para descrever as origens do Universo: as propostas do big bang e do Universo eterno.

Um professor da Universidade de Lyon fez então um comentário que me espantou enormemente. Embora conhecendo minhas críticas a este modelo, disse que eu deveria falar apenas do big bang, acrescentando que não caberia enfatizar as dificuldades de princípio que ele possui. "Para as pessoas que não são especialistas em cosmologia, e mesmo para cientistas de outras áreas", continuou, "não se devem explicitar dúvidas que os cosmólogos possam ter sobre a evolução do Universo. Segundo ele, isso só contribuiria para reduzir o status dessa ciência, abrindo espaço para o aparecimento de explicações de caráter não científico e até transcendentais." Acrescentou que isso se devia à particularidade da cosmologia e à grandiosidade do objeto de seu estudo, estas centenas de bilhões de galáxias e estrelas que podemos observar no Universo.

Respondi-lhe que aquilo ia contra meu propósito de ensinar, entendendo que esta função tem por principal atributo pôr em dúvida todo conhecimento, incluindo aquele que se pretende isento de críticas. E também que vivíamos uma situação de transição, na qual o antigo modelo big bang perdia seu caráter absolutista e hegemônico - o que efetivamente aconteceu na década seguinte. Ademais, acrescentei, deveríamos ter todo cuidado ao deixar sair dos laboratórios e passar para a sociedade informações que os cientistas estão longe de poder demonstrar com toda certeza. Mais ainda: como essas verdades provisórias alcançam imediatamente as páginas dos jornais cotidianos e das revistas não especializadas, devemos, logo que possível, esclarecer e enfatizar essa condição efêmera, com mais razão ainda quando se trata de questões envolvendo tema tão sensível quanto o "começo de tudo".

Embora o problema da "origem do Universo" não tenha, para os cosmólogos, importância primordial - pois é um dentre vários com que se defrontam na produção de uma explicação racional a respeito dos diversos fenômenos observados no Universo -, para a maioria das pessoas ele apresenta um interesse fantasticamente grande, que vai muito além da simples curiosidade eventual e passageira. A razão para isso tem a mesma origem daquela que impulsionou os povos do passado, ao longo da história de todas as civilizações, a produzir mitos cosmogônicos sobre a criação.

O estudo desses diferentes modos de conceber, nas civilizações antigas, de onde e como surgiu tudo que existe possui uma bibliografia vasta e bastante específica. Quanto à forma científica de organizar e divulgar essa questão, a quase totalidade de textos de fácil acesso se limita à versão da criação explosiva. Isso seria aceitável se ela fosse validada pela observação, sem que houvesse qualquer explicação alternativa. Mas, ao contrário, como veremos, ela é precisamente o modelo que inibe uma história racional completa do Universo.

Nas últimas três décadas, houve uma exagerada exposição e exaltação do big bang. Por outro lado, existe um desconhecimento quase completo a respeito do cenário do Universo eterno. Este livro pretende equilibrar a situação. Em alguns capítulos, acrescentei comentários sobre assuntos abordados no texto. No final do livro, incluí um glossário com o intuito de complementar informações e reunir definições simplificadas de termos técnicos.

Antes de começarmos nossa caminhada, porém, devo fazer um comentário adicional. Nos últimos anos, por diferentes razões, a cosmologia tem estado permanentemente sob os holofotes da mídia, seja na imprensa, na televisão ou mesmo em discos com pactos. É fácil constatar que muitas das informações referentes ao big bang são produzidas sem que se obedeça ao compromisso fundamental que qualquer divulgador da ciência - seja ele cientista ou não - deve cumprir. Como a divulgação científica se destina, na maior parte das vezes, a não especialistas - que não possuem as ferramentas formais para avaliar criticamente o que lhes é apresentado -, toda afirmação que se faz e que não teve ainda sua veracidade confirmada pelos métodos convencionais, absolutos e universais da ciência deve exibir para o ouvinte e/ou o leitor sua condição limitada ou provisória. Caso contrário, como já comentei, esse uso indevido do status elevado que a ciência possui nada mais será que uma "máscara atrás da qual se esconde um poder político que não ousa se declarar como tal"


A humanidade sempre tentou, de diversas formas, explicar a origem de tudo, seja por meio das religiões ou da ciência. Uma das mais singulares e criativas interpretações da origem do universo vem da Índia, há milhares de anos, que acredita num Universo eterno e dividido em "ciclos de vida", associando-os com a vida de um deus mítico. Confira no episódio "O limite da eternidade", da série Cosmos, apresentada pelo astrônomo americano Carl Sagan:




(Vocês podem assistir a esse e a outros documentários na TV CIÊNCIAS!)

"É uma grande descoberta", diz Vaticano sobre primeira célula viva produzida com DNA artificial

Da Associated Press

Autoridades da Igreja Católica disseram nesta sexta-feira que a primeira célula sintética, cuja criação foi anunciada na quinta-feira, poderia ser um avanço positivo se corretamente usado _mas avisaram aos cientistas que só Deus pode criar a vida.

O Vaticano e a igreja italiana adotaram cautela em sua primeira reação ao anúncio, feito por cientistas americanos, da produção de uma célula viva contendo DNA artificial. Eles lembraram aos cientistas da responsabilidade ética do progresso tecnológico e disseram que a maneira como a inovação será aplicada no futuro é crucial.

"É uma grande descoberta científica. Agora temos de entender como ela será implementada no futuro", disse o monsenhor Rino Fischella, principal bioeticista do Vaticano.

"Se nos assegurarmos de que é para o bem de todos, do ambiente e do homem que o habita, manteremos a mesma avaliação", afirmou. "Se, por outro lado, o uso dessa descoberta se voltar contra a dignidade e o respeito pela vida humana, nossa avaliação mudará."


"Nós olhamos a ciência com grande interesse. Mas pensamos, acima de tudo, no significado que deve ser dado à vida", declarou Fischella à TV italiana RAI. "Só podemos concluir que precisamos de Deus, a origem da vida."

O grupo que produziu a célula sintética afirma que seu estudo é uma recriação de vida existente, não a criação de vida do nada. Mas o pioneiro da genômica Craig Venter, líder do grupo de pesquisas, disse que o projeto abre o caminho para a produção de organismos novos.

O bispo Domenico Mogavero, da conferência dos bispos da Itália, manifestou preocupação com o avanço.

"Fingir ser Deus e macaquear seu poder de criação é um risco enorme, que pode levar o homem à barbárie", decretou o religioso ao jornal "La Stampa".

Confira reportagem da BBC Brasil sobre a criação da célula artificial:

Nicolau Copérnico é enterrado de novo na Polônia, 467 anos depois- Folha online


O autor da teoria heliocêntrica Nicolau Copérnico, que teve os restos identificados recentemente, foi enterrado novamente neste sábado (22) na catedral de Frombork (norte da Polônia), 467 anos após sua morte.

Modesto em vida e morto antes de sua teoria ter sido publicada e reconhecida, o astrônomo, matemático, economista e médico foi também cônego em Frombork.

Ele havia sido sepultado na catedral em 1543 sem nenhuma indicação do local exato, como centenas de outros padres e leigos.

Há dois séculos cientistas poloneses, franceses e alemães tentam identificar seu túmulo.

"A história da descoberta é um verdadeiro romance policial", declarou à France Press o arqueólogo Jerzy Gassowski, professor octogenário do Instituto de Antropologia e Arqueologia de Pultusk (centro da Polônia), autor da descoberta, em 2005.

"Foi aqui que o encontrei", disse, apontando para uma placa de mármore nos pés do altar de Santa Cruz, um dos 16 altares levantados entre as colunas imponentes da catedral.

Uma hipótese sobre o local do altar do qual o cônego Copérnico possuía a guarda permitiu delimitar o campo das escavações.

No local, foram encontrados o crânio e os ossos de um homem setuagenário, confiados em seguida ao laboratório de polícia de Varsóvia (capital da Polônia). A idade estimada conferia com a de Copérnico, que morreu aos 70 anos.

As reconstruções virtuais do rosto mostraram também semelhanças impressionantes com os retratos existentes de Nicolau Copérnico.

Os testes de DNA dariam certeza. Mas os cientistas tiveram dificuldade de encontrar material genético de comparação.

Um livro descoberto na Suécia, porém, forneceu o último elemento necessário para a resolução do mistério. O livro, datado de 1518, é um manual que Copérnico usou durante a vida e que foi levado pelos suecos durante as guerras sueco-polonesas do século 18.

No livro havia alguns fios de cabelo. Análises feitas em laboratórios especializados da Suécia e da Polônia confirmaram o sucesso: dois fios entre os demais encontrados tinham as mesmas sequências do genoma do crânio de Frombork.

Os restos de Copérnico foram levados a cidades e aldeias polonesas antes de serem novamente enterrados na catedral de Frombork durante cerimônia.

Teoria heliocêntrica

Copérnico havia rejeitado a teoria geocêntrica de Ptolomeu, elaborando a sua própria, a heliocêntrica, relacionada ao duplo movimento dos planetas sobre si mesmos e em torno do Sol.

Sua obra mais célebre, que esteve na origem de uma revolução científica do século 18, "De revolutionibus orbium caelestium" (Da revolução das órbitas celestes), foi publicada após sua morte. Foi condenada pelo Papa Paulo 5º em 1616 como contrária à Bíblia.

da France Press


BIOGRAFIA


Nascido na Polônia, no ano de 1473, Nicolau Copérnico é considerado o fundador da Astronomia moderna.

Antes de sua teoria, os homens consideravam como verdadeira a tese de um cientista grego chamado Ptolomeu, que defendia a idéia de que a Terra era o centro do universo.

Contrário a esta idéia, Copérnico não se convenceu da idéia de que o Sol e todos os demais planetas giravam em torno da Terra. Por esta razão, defendeu a tese de todos os planetas, inclusive a Terra, giravam em torno do Sol (Heliocentrismo).


Assim como Copérnico, outros estudiosos não se convenceram da teoria de Ptolomeu; contudo, foi o fundador da Astronomia moderna o pioneiro na defesa bem fundamentada destes argumentos. Entretanto, somente após o surgimento de Galileu Galilei é que essa verdade, com auxílio de telescópio, pôde ser provada.

Ainda segundo as explicações de Copérnico, a Terra girava sobre si mesma, e as estrelas ficavam a muitas distâncias de nós. Todas as suas explanações foram publicadas em seu livro: Os Movimentos dos Corpos Celestes.

Copérnico faleceu no ano de 1543, após uma vida de grandes descobertas e de grande contribuição à Astronomia.

Abaixo um vídeo comparando os modelos Ptolomáico e Copernicano:

sábado, 22 de maio de 2010

Visitantes perdem a fome em exposição de corpos dissecados - Folha online

INARA CHAYAMITI
da Reportagem Local

Um corpo dissecado prestes a chutar a gol e outro arremessando uma bola de basquete são dois dos 20 expostos na mostra "Corpos", aberta na sexta-feira (21), no parque Ibirapuera (São Paulo).

Há ainda 250 órgãos também preservados em silicone emborrachado líquido. O material permite deixar intactos tecidos, nervos e vasos sanguíneos. Os visitantes, no entanto, dizem perder a fome durante a visita no vídeo abaixo.

A simulação de movimento é uma das novidades que diferenciam essa exposição da anterior, realizada em 2007. Além disso, um corpo feminino integra o conjunto desta vez

Na mostra, também é possível observar o que acontece com órgãos atingidos por doenças, como corações infartados e um pulmão com câncer.

"A exposição é uma oportunidade educativa para as pessoas aprenderem como seus corpos funcionam e cuidar melhor deles", resume o curador Dr. Robert Glover.

Um exemplo é o contraste entre um pulmão saudável e um escurecido, que pretende estimular fumantes a abandonarem o cigarro.

O espaço está dividido em nove setores que representam os sistemas do organismo, como o esqueleto e os sistemas nervoso e muscular.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Poeira das estrelas

Gostaria de iniciar com esta série, exibida no programa Fantástico, da Rede Globo, no ano de 2006 e postada no site Youtube. O físico Marcelo Gleiser discorre acerca de vários assuntos que permeiam a ciência e a filosofia, e tenta responder utilizando as bases históricas e científicas de que dispomos atualmente.

POEIRA DAS ESTRELAS - FANTÁSTICO (GLOBO)
(Vocês podem assistir a esse e a outros documentários na TV CIÊNCIAS!)

Iniciando os trabalhos

O objetivo desse blog é explorar todo o universo de uma forma científica. É a busca incessante pelo conhecimento, até o limite do cosmos. Por meio de textos, reportagens, vídeos etc. discutiremos os fatos, as evidências e as opiniões, construindo cada vez mais nossa sabedoria. Proporemos questões, dúvidas. Tentaremos chegar a respostas.
A divulgação científica também ocorre dentre os objetivos deste blog. É por meio dela que poderemos desenvolver em todos nós a necessidade do saber, de se ter dúvida e de conviver com esta, que pode ser uma das maiores virtudes da nossa espécie.
Escutemos a sinfonia da ciência!!