sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Retorno

O Sinfonia está com planos para retornar aos trabalhos.
Novo formato, novo estilo, novas publicações. Ainda melhor do que você poderia imaginar! Nós gostaríamos de saber se é de interesse daqueles que acompanham este blog, o retorno sa publicações. Comentem! Enviem e-mails! Por favor, sua opinião é de suma importância.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A Mão Que Estapeia

Imagine ser atacado por uma de suas próprias mãos, que tenta repetidamente estapear e socar você. Ou então entrar em uma loja e tentar virar à direita e perceber que uma de suas pernas decide que quer ir para a esquerda, fazendo-o andar em círculos.

Essa realidade é bem conhecida da americana Karen Byrne, de 55 anos, que sofre de uma condição rara chamada Síndrome da Mão Alheia.

A síndrome de Byrne é fascinante, não somente por ser tão estranha, mas também por ajudar a explicar algo surpreendente sobre como nossos cérebros funcionam.

O problema começou após ela passar por uma cirurgia, aos 27 anos, para controlar sua epilepsia, que havia dominado sua vida desde seus 10 anos de idade.

A cirurgia para curar a epilepsia normalmente envolve identificar e depois cortar um pequeno pedaço do cérebro no qual os sinais elétricos anormais se originam.

Quando isso não funciona, ou quando a área danificada não pode ser identificada, os pacientes precisam passar por uma solução mais radical.

No caso de Byrne, seu cirurgião cortou seu corpo caloso, um feixe de fibras nervosas que mantém os dois hemisférios do cérebro em permanente contato.

Novo problema

O corte do corpo caloso curou a epilepsia de Byrne, mas a deixou com um problema totalmente diferente.

Ela conta que inicialmente tudo parecia bem, mas que então os médicos começaram a notar um comportamento extremamente estranho.

‘O médico me disse: ‘Karen, o que você está fazendo? Sua mão está te despindo’. Até ele dizer isso eu não tinha percebido que minha mão esquerda estava abrindo os botões da minha camisa”, diz.

“Então eu comecei a abotoar a camisa novamente com a mão direita, mas assim que eu terminei, a mão esquerda começou a desabotoar de novo. Então o médico fez uma chamada de emergência para um outro médico e disse: ‘Mike, você precisa vir aqui imediatamente, temos um problema’.”

Karen Byrne havia saído da operação com uma mão esquerda que estava fora de controle.

“Eu acendia um cigarro, colocava-o no cinzeiro e então minha mão esquerda jogava-o fora. Ela tirava coisas da minha bolsa sem que eu percebesse. Perdi muitas coisas até que eu percebesse o que estava acontecendo”, diz.

Em alguns casos, a mão esquerda dela chegava a estapeá-la, sem controle. Ela conta que seu rosto chegava a ficar inchado com tantos golpes.

Luta de poder

Medicação resolveu problema de Karen Byrne após 18 anos

O problema de Byrne foi provocado por uma luta por poder dentro de sua cabeça.

Um cérebro normal é formado por dois hemisférios que se comunicam entre si por meio do corpo caloso.

O hemisfério esquerdo, que controla o braço e a perna direitos, tende a ser onde residem as habilidades linguísticas.

O hemisfério direito, que controla o braço e a perna esquerdos, é mais responsável pela localização espacial e pelo reconhecimento de padrões.

Normalmente o hemisfério esquerdo, mais analítico, domina e tem a palavra final nas ações que desempenhamos.

A descoberta do domínio hemisférico tem sua raiz nos anos 1940, quando os cirurgiões decidiram começar a tratar a epilepsia com o corte do corpo caloso.

Após a recuperação, os pacientes pareciam normais. Mas nos círculos psicológicos eles se tornaram lendas.

Isso porque esses pacientes revelariam, com o tempo, algo que parece incrível – que as duas metades do nosso cérebro têm cada um uma espécie de consciência separada. Cada hemisfério é capaz de ter sua própria vontade independente.

Experiências

O homem que fez muitas das experiências que primeiro provaram essa tese foi o neurobiólogo Roger Sperry.

Em um estudo particularmente notável, que ele filmou, é possível ver um dos pacientes com o cérebro dividido tentando resolver um quebra-cabeças.

O quebra-cabeças exigia o rearranjo de blocos para que eles correspondessem a padrões em uma imagem.

Primeiro o homem tentou resolver o quebra-cabeças com sua mão esquerda (controlada pelo hemisfério direito), com bastante sucesso.

Então Sperry pediu ao paciente que usasse sua mão direita (controlada pelo hemisfério esquerdo). Essa mão claramente não tinha nenhuma ideia de como fazê-lo.

A mão esquerda então tentou ajudar, mas a mão direita parecia não querer ajuda, então elas terminaram brigando como se fossem duas crianças.

Experiências como essa levaram Sperry a concluir que “cada hemisfério é um sistema de consciência isolado, percebendo, pensando, lembrando, raciocinando, querendo e se emocionando”.

Em 1981 Sperry recebeu um prêmio Nobel por seu trabalho. Mas em uma ironia cruel do destino, ele então já sofria com uma doença degenerativa do cérebro, chamada kuru, provavelmente contraída em seus primeiros anos de pesquisas com cérebros.

Medicação

A maioria das pessoas que tiveram seus corpos calosos cortados parecem normais posteriormente. Você poderia cruzar com eles na rua e não saberia que algo havia acontecido.

Karen Byrne teve azar. Após a operação, o lado direito de seu cérebro se recusava a ser dominado pelo lado esquerdo.

Ela sofreu com a Síndrome da Mão Alheia por 18 anos, mas felizmente para ela seus médicos encontraram uma medicação que parece ter trazido o lado direito de seu cérebro de volta ao controle.

A história de Byrne foi contada no último programa da série da BBC The Brain (O Cérebro), que foi ao ar na Grã-Bretanha na quinta-feira.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

'Máquina quântica' está entre as dez descobertas do ano, diz ‘Science’


G1.com

A revista "Science", publicação científica da Associação Americana para o Progresso da Ciência (AAAS, na sigla em inglês), divulgou a lista das dez descobertas científicas de 2010, elegendo a criação de uma máquina que se mexe com base nas leis da mecânica quântica, aplicáveis a partículas subatômicas, átomos e moléculas.

Segundo a revista, até março de 2010 todos os objetos feitos pelo homem eram movidos de acordo com as leis da mecânica clássica. O mês, porém, ficou marcado pela criação de uma máquina – um pequeno pedaço de metal semicondutor, visível a olho nu – que se movimenta pelas regras da mecânica quântica. Até então, somente partículas subatômicas se mexiam com base nesse sistema de leis de movimento.

DESCOBERTAS DE 2010
Genoma sintético em bactéria – Pesquisadores do instituto do biólogo Craig Venter desenvolveram um genoma sintético, capaz de mudar a identidade de uma bactéria. O genoma foi inserido no lugar do DNA original do micro-organismo e gerou um novo conjunto de proteínas. Segundo a revista, no futuro a técnica poderá ser empregada para criar biocombustíveis, novos fármacos e compostos químicos úteis.

Genoma do NeandertalO sequenciamento do genoma obtido a partir dos ossos de três mulheres Neandertais, encontradas na Croácia e vivas entre 44 mil e 38 mil anos atrás, permitiu a comparação entre o DNA humano moderno e de seus ancentrais.

Profilaxia do HIV – O combate ao vírus da Aids ganhou duas novas armas: um gel vaginal, composto por 1% do antirretroviral “tenofovir”, testado na África do Sul e capaz de reduzir até 39% das infecções em mulheres; e um remédio dado a um grupo de homens homossexuais e transexuais que levou a uma diminuição de 43,8% na transmissão do HIV.

Genes de doenças raras – O sequenciamento de áreas específicas do DNA mostrou que um único gene pode ser a chave para identificar mutações que causam dezenas de doenças raras.

Simulações de dinâmica molecular – O uso de computadores poderosos facilitou o estudo do movimento de átomos em proteínas.

Tecnologia em Genômica – A área da ciência responsável pelo estudo de genomas de animais e plantas agora conta com tecnologias mais rápidas e baratas para trabalhos sobre DNAs antigos e modernos. O Projeto 1000 Genomas é um exemplo de avanço, conseguindo identificar muitas das alterações no genoma que caracterizam os humanos.

Simulador quântico – A dificuldade imposta pelas equações usadas pelos cientistas para traduzir o que é visto no laboratório pode diminuir com a adoção de cristais artificiais, que oferecem respostas rápidas. Os cientistas acreditam que o uso dessas ferramentas pode auxiliar na compreensão da supercondutividade e da chamada física da matéria condensada.

Reprogramação de células adultas – Técnicas para fazer células adultas retornarem ao estado inicial de desenvolvimento, como se fossem células-tronco embrionárias, viraram padrão para o estudo de doenças, segundo a revista. Em 2010, os cientistas aprenderam a fazer isso utilizando o ácido ribonucleico (RNA, na sigla em inglês) sintético. A técnica leva a metade do tempo e é 100 vezes mais eficiente e segura para uso terapêutico.

Ratos mais propícios à pesquisa – A “Science” destaca o possível retorno do uso de ratos em pesquisas científicas, após um período de “dominação” dos camundongos. Mais utilizados em laboratório pela facilidade que os pesquisadores encontraram em "desativar" alguns genes para gerar uma determinada característica ao animal, os camundongos podem perder parte do prestígio, já que os últimos avanços mostram que a característica também pode ser desenvolvida em ratos.

AVANÇOS CIENTÍFICOS DA DÉCADA
Também foram eleitos pela revista os dez maiores avanços científicos da primeira década do século 21. Os jornalistas da "Science" escolheram dez áreas de pesquisas que cresceram muito nos últimos dez anos e chegaram à seguinte lista:

Aproveitamento do genoma “descartável” – Com a descoberta de regiões específicas do genoma, mais relevantes à pesquisa por codificarem proteínas, os cientistas privilegiaram estudos com apenas 1,5% do total do DNA. Mas o restante do genoma, anteriormente conhecido como DNA “junk” (lixo, em inglês), voltou a ser pesquisado e tem se mostrado tão importante quanto a parte mais "nobre" do genona, segundo a revista.

Mudanças na Cosmologia - A última década levou os cientistas a considerarem o espaço como composto por matéria bariônica (a comum, da qual é feita os materiais do cotidiano), a matéria e a energia escuras. Com a união dessas teorias, os cosmólogos construíram um modelo padrão para interpretar o Universo, com pouca margem para novas interpretações, segundo a "Science".

Biomoléculas antigas - A descoberta que o DNA e o colágeno podem ser conservados por milhares de anos forneceu importantes descobertas sobre vegetais, animais e humanos, gerando uma grande atividade paleontológica. A análise desse material permitiu, por exemplo, identificar adaptações anatômicas sofridas pelas espécies ao longo dos anos, impossíveis de serem detectadas somente pelo estudo de ossadas.

Água em Marte – Muitas evidências de água no Planeta Vermelho foram divulgadas em 2010. Os astrônomos descobriram que até mesmo a superfície do astro pode ter contido água, fora o volume do líquido preso nas calotas polares do planeta.

Reprogramação de células - Durante a primeira década do século 21, os cientistas aprenderam a reprogramar células adultas em versões "pluripotentes", que conseguem se transformar em quase todo o tipo de célula do corpo. Com o avanço nas pesquisas, a comunidade científica espera que, em breve, terapias celulares e a reposição de tecidos e até órgãos seja possível pela técnica.

Microbioma – Cientistas começaram a voltar a atenção para o ambiente no qual vivem vírus e bactérias. Segundo a revista, 90% das células em nosso corpo são micróbios, o que leva os pesquisadores a querer saber mais como mudanças em genes microbianos afetam o aproveitamento da energia que homens obtêm ao comer ou como o sistema imunológico reage.

Exoplanetas – No ano de 2000, eram apenas 26 planetas conhecidos fora do Sistema Solar. Atualmente, com o lançamento de sondas específicas para este fim como a Kepler, da agência espacial norte-americana (Nasa), este número ultrapassou 500. O objetivo agora é o de encontrar planetas cada vez mais similares à Terra, que reúnam condições para o desenvolvimento da vida.

Inflamações – Segundo a revista, a comunidade médica está cada vez mais alerta para o papel importante das inflamações no desenvolvimento de doenças crônicas como câncer, aterosclerose, diabetes e até obesidade.

Metamateriais – Físicos e cientistas conseguiram gerar materiais com propriedades inexistentes na natureza como a capacidade de guiar luz.

Mudanças climáticas – O aquecimento global e as alterações no clima ganharam força no cenário mundial, com a criação de eventos da ONU como as conferências do Clima e da Biodiversidade. Estudos de órgãos como a Nasa e a agência norte-americana que monitora as condições da atmosfera e dos oceanos (NOAA, na sigla em inglês) também comprovam que a temperatura não para de subir, sendo que 2010 poderá ser eleito como um dos anos mais quentes da história.

domingo, 7 de novembro de 2010

Máquina para gravar sonhos é possível, diz cientista

Da BBC News

Um pesquisador nos Estados Unidos afirmou que tem planos para criar um dispositivo eletrônico de gravação e interpretação de sonhos.

Moran Cerf, do Instituto de Tecnologia de Pasadena, na Califórnia (oeste do país), afirma que a "leitura dos sonhos" é possível baseada em um estudo inicial que, segundo o cientista, sugere que a atividade de células individuais do cérebro, os neurônios, é associada a objetos ou conceitos específicos.

Em sua pesquisa Cerf descobriu que, quando um dos voluntários estava pensando na atriz Marilyn Monroe, um neurônio em particular foi ativado.

Ao mostrar a voluntários acordados que participaram de seu estudo uma série de imagens, Cerf e seus colegas conseguiram identificar neurônios que eram ativados pelos objetos e conceitos.

Ao observar qual neurônio se ativava e quando isso acontecia, os cientistas construíram uma base de dados para cada paciente.

Com ela, Cerf alega que é, efetivamente, capaz de "ler as mentes” dos voluntários.

Interface

Para o professor Colin Blakemore, da Universidade de Oxford, existe uma distância grande entre os resultados limitados obtidos no estudo do cientista americano e a possibilidade de gravar sonhos.

Já foram feitas tentativas de criar interfaces para traduzir pensamentos em instruções para controlar computadores e máquinas.

Mas, a maioria destas tentativas se concentrou em áreas do cérebro envolvidas no controle de movimentos. Os sistemas de monitoramento que Cerf pretende criar visam áreas mais sofisticadas do cérebro para poder identificar conceitos abstratos.

O cientista americano afirma que as pesquisas e usos de um dispositivo que lê a mente de outra pessoa são muitos.

"Por exemplo, em vez de escrever um email, você poderia apenas pensar o email. Ou, outra aplicação futurista, seria pensar em um fluxo de informações e ter estas informações escritas bem à sua frente", disse.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Prêmio Nobel de Medicina vai para criador da fertilização in vitro e Vaticano critica


O prêmio Nobel de Medicina, anunciado nesta segunda-feira, será entregue ao biólogo britânico Robert Edwards, criador da fertilização in vitro. O pesquisador desenvolveu um procedimento que permite fertilizar as células do óvulo humano em um tubo de ensaio e implantá-las no útero.

A pesquisa de Edwards culminou no nascimento de Louise Brown, primeiro bebê de proveta, em 25 de julho de 1978.

Segundo o comitê do Instituto Karolinska, que escolheu o ganhador do prêmio, "as conquistas de Edwards tornaram possível o tratamento da infertilidade, que afeta 10% dos casais em todo o mundo". Desde 1978, mais de quatro milhões de bebês foram concebidos através da técnica.

O desenvolvimento da fertilização in vitro começou nos anos 50. O cientista coordenou o processo desde as primeiras descobertas até os tratamentos de fertilidade atuais.

"Hoje, a visão de Robert Edwards é uma realidade e traz alegria para pessoas inférteis em todo o mundo", diz o comunicado da fundação do prêmio Nobel.

Edwards é professor emérito da Universidade de Cambridge, na Inglaterra.

Descobertas

A ideia de fertilizar células humanas fora do corpo nasceu de estudos que já haviam comprovado a possibilidade de fertilizar óvulos de coelhos em tubos de ensaio com sucesso.

Ao desenvolver a técnica, Edwards descobriu como os óvulos humanos amadurecem, que hormônios regulam a maturação e em que momento eles estão mais propícios à fertilização. Ele também determinou em que condições o espermatozoide consegue fertilizar o óvulo.

Em 1969, ele conseguiu realizar a primeiro fertilização de um óvulo humano em um tubo de ensaio, mas, neste caso, o zigoto formado não se desenvolveu além de uma primeira divisão celular.

Com a ajuda do ginecologista Patrick Steptoe, morto em 1988, Edwards conseguiu um método seguro de obtenção dos óvulos e teve sucesso na criação de embriões. Depois disso, controvérsias sobre o estudo envolvendo líderes religiosos e outros cientistas ameaçaram o financiamento do projeto, que passou a receber dinheiro de doações privadas.

O prêmio de medicina foi o primeiro Nobel a ser anunciado em 2010. Ao longo da semana, a Fundação Nobel anunciará o ganhador dos prêmios de física, química, literatura e da Paz.

O de economia será anunciado na próxima segunda-feira.

A premiação foi criada pelo sueco Alfred Nobel e entregue pela primeira vez em 1901, cinco anos depois de sua morte. Os vencedores recebem cerca de US$ 1,5 milhão e uma medalha de ouro.

da BBC Brasil

Vaticano

O presidente da Pontifícia Academia para a Vida, monsenhor Ignacio Carrasco de Paula, criticou como "fora de lugar" a concessão do Prêmio Nobel de Medicina 2010 ao pioneiro da fecundação in vitro.

"Sem Edwards não existiriam congeladores em todo o mundo cheios de embriões que, no melhor dos casos, vão ser trasladados para úteros, mas que provavelmente serão abandonados ou morrerão. Desse problema é responsável o recém-premiado com o Nobel", acusou Carrasco de Paula.

O religioso, designado em junho passado para dirigir a instituição do Vaticano encarregada dos problemas de biomedicina e da defesa da vida, considera que Edwards é também responsável pelo mercado mundial de gametas femininos.